sexta-feira, 2 de maio de 2008

SAL EM BOCAS SECAS

SAL EM BOCAS SECAS
Eduardo B. Penteado


Nunca quis tanto dizer o contrário a alguém
Sem poder e sem querendo
Nunca quis tanto dizer adeus a alguém
Simplesmente para continuar vivendo
Dizer adeus a alguém
Que um dia eu já disse ser sinônimo de vida...
E continuo dizendo?
Dizer adeus à vida
É uma piada de mau gosto
Que infelizmente não é de minha autoria
Fosse, eu a calaria.
O piadista covarde voltou-se contra meu riso
Tirou-me o doce, o palhaço vingativo
No entanto
Enquanto tratava-me como menino arteiro
Castigou-me como adulto infrator
Plantando uma semente de dor
No mais íntimo e piegas canteiro:
Uma dura semente de esperança
Que tomou-me o espaço inteiro.
A terra era ruim
Salgada de lágrimas
Mas a esperança, desgraçadamente,
nasceu.
Se alimenta de mim, aos nacos
E tudo ao redor, aos poucos,
morreu.
E nessa batalha absurda
Perderei enquanto houver esperança
Enquanto houver esperança?!
... nunca acharia as gaivotas cruéis, pensava eu.
Mas neste momento o céu está cinza
E posso ver várias procurando abrigo.
Devem estar indo para casa
Ou algo parecido.
Enfim,
Nunca quis tanto dizer adeus
Nunca tive tão pouco a dizer sobre Deus.

Um comentário:

Aneyde Couto disse...

Lágrimas, Dudu. Sal em Olhos Úmidos. Me vi nas tuas palavras. Vou voltar e ler os outros com tempo... Tempo, o Senhor de Todas as Coisas. Teus poemas merecem a leitura de quem não tem pressa. Um beijo e um abraço festejado. Neydinha.