quinta-feira, 1 de maio de 2008

LÂMINAS

LÂMINAS
Eduardo B. Penteado



É curioso
Experimento agora o frio vazio do vácuo
E não posso permitir-me a saudade
Ah, jamais me perdoaria
Se de repente me reencontrasse vasculhando
espaços mortos
Espaços e pequenas vozes por mim assassinados
Apelidos e carícias com lâminas...
Pequenas e virgens crianças
que chamávamos de sonhos
Brincam agora em parques vazios
Interditados
Eu sei:
Enquanto contavas no pique
Atravessei o portão e o tranquei
Ah, jamais me perdoaria
Se de repente me reencontrasse vasculhando
espaços mortos
Jamais me perdoaria
Se olhasse para trás um dia e visse
Uma velha criança de olhos vendados
E sem lágrimas
Contando até o infinito
Infinito e um, infinito e dois
Dois...
É curioso.

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