quinta-feira, 1 de maio de 2008

À IMOBILIDADE DO VENTO

À IMOBILIDADE DO VENTO
Eduardo B. Penteado


Adeus, folha solta ao vento
Arranquei-te de meu corpo
Podei-te de minha alma
Como um cego executa uma cirurgia
Queria esvair-me em hemorragia
Pois tua seiva eu não mais queria
Tu eras a última folha de outono que não caía
Era a tua presença única e exclusiva
Que me protegia
Mas sempre busquei aventura na secura
De minhas artérias vazias
Mas por que não fazer-te testemunha
De minha própria morte?
Tua resposta repousa em tua própria sorte
A folha gira solta e livre no horizonte
E aos prantos, transforma-se em ave
Criou asas, não mais depende do vento
Paira no ar
E com um último olhar
Fulminante
Cantarola e voa em disparada rumo à vida
Ao sol
E ao esquecimento
Adeus, folha solta ao vento.

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