sexta-feira, 2 de maio de 2008

RECATO

RECATO
Eduardo B. Penteado



Tu, que estás sempre presente
A cada dia num rosto diferente
Anônima e perdida entre minhas lembranças
Memórias de um tempo de recato, distante
Em que todo o meu amor cabia numa estrofe
E todo o meu desejo, num olhar de relance
Olhar que despia teu tabu num segundo
E te vestia com toda a libido do mundo
Assim, sem mais nem menos
Como num longo estalar de dedos
Te fazia mulher
À sombra de minhas ilusões e medos

Sempre te amei assim, nas sombras
Como a platéia contempla a atriz
Como a alcatéia fantasia amores de camarim
Que gosto teria teu beijo num camarim?
Nunca ousaria dizer-te estas linhas trêmulas
Pensava eu
Mas agora é tarde demais
A língua bateu nos dentes
A represa se rompeu
Mas valeu
Acho eu
Adeus.

3 comentários:

Karla Julia disse...

"Como num longo estalar de dedos
Te fazia mulher"

Isso é pura poesia.
Querido Eduardo, respiro em seus poemas um novo ar,sem mofo. Gosto disso.
beijos e toda minha admiração
Karla Julia

Anônimo disse...

06/11/2009 02:01 - Cassia Da Rovare
Um amor nas sombras, imagens compostas de marcas indeléveis, e desfez-se afinal. Lindo poema Eduardo, prazer enorme ler-te, bem vindo ao Recanto. Abraços e boa noite pra ti.

Anônimo disse...

06/11/2009 01:44 - Fernando Vieira Camargo
Essa pessoa com certeza marcou, mas o negativo dessa foto fica na tua mente e pode vê-la quando quiser...abraços amigo