sexta-feira, 2 de maio de 2008

CLAUSTRO

CLAUSTRO
Eduardo B. Penteado


Cada detalhe
Fragmento de lembrança
Bombeia o passado em minhas veias
E ele volta
Com um estrondo milenar
Preenchendo os espaços do meu claustro
Ecoando pelos cantos
Rachando as paredes
E formando túneis
Túneis que fatalmente me levam
A lembranças cada vez mais remotas

Tornei-me estático
Cheguei a lugar nenhum, outra vez
Nas ruínas de onde tudo começou
Coloquei o passado na estante
Mas ela desabou
E tudo se espalhou por onde agora piso
Vozes, nomes, datas, rosto
Vozes, nomes, datas, corpo
Restos.

Cansei de fingir que vivo no presente
A saudade morde a carne dura
E tira pedaços de vida crua
Bebe o vinho e só deixa o pão
A água
E o silêncio.

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